Definindo Hipertrofia
Antes de mais nada, vamos definir alguns tópicos para esclarecer: “Hipertrofia” significa o aumento da seção transversa do músculo, representado pelo tamanho do aumento dos filamentos de actina e miosina (fibrilas musculares).
E, para que ocorra a hipertrofia muscular, deve existir a combinação entre um treinamento intenso, bom descanso e uma alimentação adequada. Até o final deste artigo, não se esqueçam disso!
Existem também os fatores genéticos que são importantíssimos para qualquer que seja o objetivo do treinamento. Contudo, levando em conta a complexidade deste, vamos deixá-lo de lado por um momento.
No que diz respeito ao treinamento intenso, muitos atletas e até mesmo pessoas “normais” que freqüentam os ginásios e academias, tem uma visão deturpada dos verdadeiros fatores do treinamento físico. Em sua grande maioria acabam, erroneamente, imaginando que “quanto mais peso for levantado, maior será a hipertrofia!” Ledo engano!
Quando falo em treinamento intenso, correspondemos a três fatores principais: 1) sobrecarga/peso; 2) número de repetições e velocidade de execução; 3) intervalo entre séries.
Primeiramente, serei breve ao definir alguns tópicos importantes sobre o fator “sobrecarga”: engana-se o indivíduo que imagina que, quanto mais peso é levantado, maior será o crescimento muscular. Devemos entender que o exercício com resistência (peso) satisfatória é aquele que, não pode ser leve para realizá-lo “sorrindo” nem tão pesado que não se consiga realizar todas as repetições completamente. O peso ideal é simplesmente a quantidade de resistência suficiente para se causar tensão muscular. Este é o segredo da carga para o exercício: tensão muscular!
E então: o que é um músculo “em tensão”?
Em segundo lugar, o número de repetições a serem realizadas nas séries que tem como objetivo o ganho de massa muscular, deve variar entre 8 a 12 repetições, certo?
Salvo exceções, estas são o número de repetições que surtem efeito em grande parte dos treinamentos para hipertrofia. Isso se deve ao fato de que séries realizadas desta maneira proporcionam estímulos adequados (tencionais e de acúmulo de lactato e de microlesões), predispondo o músculo à supercompensação.
Todavia, devemos ter em mente que ficar muito tempo treinando com a mesma série fará com que nosso organismo deixe de dar respostas, interrompendo os resultados (princípio da adaptação). O correto é alterar os estímulos sempre que necessário, a fim de “quebrar” a homeostase, fazendo uma periodização. Por exemplo:
- 6 semanas de treino com séries de 8 a 12 repetições (RM para hipertrofia – treino intenso);
- 2 semanas de 15 a 20 repetições (RM para resistência – com intervalos curtos);
- 1 semana de treino com séries de 4 a 6 repetições máximas (intervalo entre séries de 2 a 4 minutos);
- retornando novamente às séries com 8 a 12 repetições.
Vale a pena notar que a maior parte do tempo o treino é executado na faixa de 8 a 12 RM, exatamente pelo fato de que este número de repetições é mais hipertrófico.
Para a realização destas repetições, é necessário que sejam realizadas com um tempo cadenciado entre as fases de contração (concêntrica) e alongamento (excêntrica) do exercício. Baseados em pesquisas que comprovaram significativa hipertrofia muscular, alguns autores sugerem que uma série deve ser realizada com um tempo entre 30-70 segundos. Isto se deve ao fato de que esta é considerada a “zona de hipertrofia sob tensão”.
Na Prática, funciona da seguinte forma:
Para produzir hipertrofia, os movimentos devem ser realizados de maneira lenta (mas nada tão exageradamente lento), contudo, que a repetição tenha uma fase excêntrica lenta, principalmente porque os movimentos concêntricos lentos são difíceis de realizar levando-se em consideração que existe uma resistência considerável a vencer. Uma repetição que envolva aproximadamente 2 segundos de fase excêntrica e 2 (ou 1s) segundos de fase concêntrica ajudaria ao alcance do tempo estipulado para a hipertrofia (onde uma série de 10 repts levaria cerca de 40 segundos). Conseqüentemente, estaríamos dentro da zona de hipertrofia sob tensão!
Em terceiro lugar, o intervalo entre séries para hipertrofia muscular deve ser curto. Isto confirma a indicação de vários treinadores e especialistas no âmbito desportivo. Todavia, cada indivíduo apresenta seu tempo de recuperação suficiente para a realização da nova série de exercícios e este é um fator que devemos ter em mente.
Conforme a aptidão física da pessoa e para a remoção de substratos ácidos presentes no músculo durante o exercício, o intervalo de tempo entre 30 – 90 segundos parece ser o mais adequado quando se fala em hipertrofia.
Quando falamos em treino de força, intervalos mais longos são indicados. Contudo, como no caso em específico, se o objetivo é o aumento de massa muscular, o intervalo deve ser curto para manter a intensidade, e suficientemente aceitável para a recuperação parcial da musculatura em trabalho.
Mesmo executando esta prática de treinamento, algumas pessoas podem estar se perguntando: “mas eu realizo um treino intenso e, mesmo assim, porque não alcanço a tão sonhada hipertrofia???”. Ora, como mencionado no início do texto, o crescimento muscular é resultado de uma combinação acertada entre treino, alimentação e descanso. Lembra-se? Além logicamente, dos fatores genéticos a que todos os indivíduos estão expostos. Salvo raríssimas exceções, se um ou mais destes fatores falharem, todo o equilíbrio do organismo estará comprometido e a hipertrofia muscular estará muito distante.
Pra terminar, fica valendo a dica final: treino intenso + alimentação equilibrada + bom sono = bons resultados!
Professor: Fabio Rodrigues
Referências Bibliográficas
- Cossenza, C.E. Musculação – Métodos e Sistemas. 3ª edição. Editora Sprint, 2001.
- Francis, D. Repetições Ideais para o ganho de Massa Muscular. Revista Fisiculturismo; edição 07/2011
- McArdle, W. Katch, F. Katch, V. Fundamentos de Fisiologia do Exercício. Guanabara Koogan. 2ª edição. Rio de Janeiro, 2002