“Quero fazer um alerta aos jovens porque há quatro meses perdi o meu
filho de 18 anos vítima do suplemento alimentar Jack3d.” O desabafo é da
funcionária pública Marcelle Sampaio, 41 anos, mãe de Wilson Sampaio
Júnior, que foi encontrado morto dentro do banheiro de casa, na manhã do
dia 5 de maio. A família suspeita que o jovem tenha morrido em
decorrência do uso do suplemento, que não tem autorização da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser vendido no Brasil,
mas está se tornando febre entre pessoas que querem desenvolvimento
muscular a curto prazo.
Os pais de Wilsinho afirmam que o produto foi recomendado ao garoto por
um professor de educação física e comprado a ele por R$ 180 nas
dependências de uma badalada academia de ginástica, na Zona Sul do
Recife. Os perigos do uso do Jack3d foram mostrados pelo Diario na
edição do último sábado. O produto é usado como estimulante e deve ser
ingerido antes dos exercícios físicos. Desmaios, mal-estar,
formigamentos, picos de pressão e insônia são alguns sintomas causados
em seus usuários. Mesmo assim, a cada dia o produto passa a ser
consumido por mais jovens nas academias de alto padrão, o que tem
preocupado médicos e especialistas.
Wilsinho sonhava em ser jogador de futebol profissional. Jogou pelo
juvenil do Sport Club do Recife e estava prestes a ingressar no time
juniores do Santa Cruz quando morreu. Tinha saúde plena, era atleta,
alertou a mãe. “Meu filho sempre foi muito disposto e determinado a
vencer. Ele já havia tomado outros suplementos alimentares por indicação
do empresário dele, mas todos eram saudáveis. Depois que ele entrou na
academia, um professor de lá falou que estava vendendo um produto que
seria natural e que iria deixá-lo mais veloz. Meu marido foi com ele na
academia e compraram o Jack3d”, detalhou Marcelle Sampaio. Na presença
dos pais, Wilsinho passou a tomar o suplemento todos os dias antes de ir
malhar, no final da tarde. “O rótulo, que é todo em inglês, indica que a
pessoa tome uma medida antes dos exercícios, mas meu filho me disse que
o professor garantiu que ele poderia colocar três medidas para tomar.
Não sabemos se ele passou a tomar doses maiores depois disso”, completou
Marcelle Sampaio.
“O Jack3d é composto por algumas substâncias que são usadas para tratar
transtornos de ansiedade e depressão. Isso estimula as pessoas e
provoca a sensação de euforia. Assim, a pessoa suporta um ritmo e
intensidade de treinamento maiores”, alertou o especialista em
fisiologia do exercício e consultor de atividades físicas Diego Zanon. A
mãe contou que o filho estava bem em casa, no computador, quando ela
foi dormir, na noite do dia 4 de maio. No dia seguinte, estranhou o fato
de o computador ter ficado ligado e encontrou o filho caído no banheiro
do próprio quarto.
“Meu sobrinho era um menino bonito, cheio de vida e de sonhos. É
preciso que as pessoas saibam do perigo desse produto e que as academias
de musculação não sejam irresponsáveis ao ponto de deixar ele ser
vendido dentro das mesmas”, declarou o tio do jovem Robson Sampaio.
“Wilsinho tinha um futuro brilhante no futebol. Mas as pessoas diziam
que ele precisava ganhar massa muscular. Foi aí que ele deve ter
começado a tomar esse suplumento”, lembrou Carlos Augusto Cavalcanti,
amigo da família.
Punição
O Conselho Regional de Educação Física (Cref) pode submeter à Comissão
de Ética os profissionais que estiverem indicando e comercializando
produtos proibidos como o Jack3d. Mas, para isso, é preciso que as
denúncias sejam feitas ao órgão. “Essa denúncia de morte por uso de
suplemento indicado por um professor e vendido dentro de uma academia é
muito grave, mas até agora essa família não nos procurou. Sabemos que
produtos são vendidos de forma ilegal não ficam expostos em prateleiras.
Por isso, precisamos receber denúncias”, alertou a chefe da
fiscalização do Cref, Rosângela Albuquerque.
Comprovadas as denúncias, professores poderão perder o registro e até
responder criminalmente. A morte de Wilsinho foi comunicada à Agência
Pernambuca de Vigilância Sanitária (Apevisa) através do Instituto de
Medicina Legal (IML), segundo o gerente do órgão, Jaime Brito. “O IML
nos encaminhou um ofício pedindo esclarecimentos sobre o Jack3d quando
estavam fazendo as perícias no corpo do garoto e nós mandamos as
explicações. Mas não sei dizer qual foi o resultado do laudo. Tanto a
Apevisa como as vigilâncias sanitárias municipais têm obrigação de
fiscalizar a venda desses produtos ilegais”, disse Brito. As denúncias
ao Cref devem ser feitas pelo telefone 8653.6480 ou pelo e-mail
fiscalizacao@cref12.org.br. O telefone da Apevisa é o 3181.6424.
Confira entrevista com o pai, Wilson Sampaio
"Meu filho era um atleta disciplinado"
Assim como sua esposa, o dentista Wilson Sampaio, 48 anos, quer alertar
os jovens sobre os perigos do Jack3d. O filho nunca contou aos pais os
efeitos que o produto estava provocando em seu corpo, mas a após sua
morte, colegas revelaram que ele vinha se queixando de formigamentos e
dificuldades para dormir. O atestado de óbito apontou como causa da
morte problema nos pulmões. A família não tem dúvida de que o suplemento
levou o filho à morte.
O Diário de Pernambuco - Como era Wilson?
Wilson Sampaio - Meu menino era um atleta. Ele era muito
disciplinado, decicado a tudo que fazia. Não era de farras e não bebia.
Desde os 16 anos de idade ele começou a tomar alguns produtos para
melhorar a forma física, mas tudo era acompanhado por nutricionistas.
Como ele teve contato com o Jack3d?
Ele chegou em casa pedindo dinheiro para comprar esse produto que o
professor da academia disse ser natural e que já estaria sendo vendido
até em farmácias. Ele começou a tomar e nunca disse em casa se isso
estava provocando alguma reação.
Vocês ainda o levaram para o hospital?
Nós fomos dormir e deixamos ele no computador. O último contato que ele
fez na internet foi com um primo por volta de 1h30. Quando acordamos,
por volta das 6h, ele já estava caído no banheiro. O levamos para o
hospital, mas ele já estava morto.
Por que vocês acreditam que o Jack3d causou a morte?
Quando ele chegou na emergência, o médico perguntou logo se ele tomava
alguma coisa. Um menino jovem e sadio não poderia ter morrido dessa
forma súbita.
Qual a mensagem para outros jovens?
Eu vou reunir forças para levantar essa bandeira na luta contra venda
de produtos proibidos. O jovem acha que nada vai acontecer com ele e não
ver os riscos de certas coisas. Professor de educação não pode
prescrever suplemento.
Professor: Fabio Rodrigues
FONTE: http://www.educacaofisica.com.br/noticias/jovem-morre-apos-usar-suplemento-da-moda-nas-academias
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